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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ambulatório para travestis em SP criará protocolos de atendimento


Excluída socialmente em diversos aspectos, a população de travestis e transexuais de São Paulo ganhou ontem (9) o primeiro ambulatório do país com atendimento direcionado a esse público.

O espaço, inaugurado pelo governador José Serra (PSDB), divide instalações com o Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids e tem capacidade para realizar 300 atendimentos mensais.

Segundo o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, a intenção é que haja esses centros em outros hospitais do Estado. Mas os médicos da equipe ainda não sabem que doenças podem ser originadas de tratamentos hormonais e de modificações estéticas malsucedidas.

Eduardo Knapp/Folha Imagem

O governador José Serra participa do evento de inauguração do ambulatório em São Paulo com a transexual Alessandra Saraiva, 30
De acordo com a diretora do CRT, Maria Clara Gianna, a principal recomendação aos médicos é a de tratar os pacientes pelo nome social --e não pelo que consta do registro de nascimento.

O local oferecerá atendimento ambulatorial em áreas como endocrinologia, urologia e proctologia, para atender a algumas demandas desses pacientes, como cirurgia para mudança de sexo, colocação de próteses mamárias e tratamentos hormonais. Os casos cirúrgicos serão encaminhados para hospitais.

"Queremos oferecer a oportunidade para que eles realizem esses procedimentos de forma segura e evitar que eles passem por processos traumáticos como a injeção de silicone industrial, que pode matar", diz Gianna.

Os pacientes também terão apoio psicológico.

Novos protocolos

Outro objetivo do centro, segundo Gianna, será elaborar protocolos de atendimento a partir dos casos encaminhados no novo ambulatório.

E os casos são complexos, como o de Claudia Wonder, 54, performer, ativista e ícone do movimento LGBT brasileiro. Questionada se era travesti ou transexual, respondeu: "Nem um nem outro, costumo dizer que sou dois em um, rádio e gravador".

A ironia esconde um drama familiar. Claudia diz que sempre se sentiu andrógina. Mas foi apenas em 2004, após um almoço de família, que uma tia lhe contou que ela tinha órgãos dos dois sexos.

A cicatriz no abdome não era fruto da extração de uma hérnia, como contaram seus pais, mas de um ovário, retirado aos seis anos.

Quando perguntam seu nome de nascimento, Claudia retruca: "Por que você quer saber? Não uso ele para nada. Só para assinar cheques."

Fonte: Folha de S.Paulo / Via VINACC - Visão Nacional Para a Consciência Cristã

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