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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para começar


Articulista da Seu Mundo online, Ziel Machado abre a sua coluna convidando o leitor a buscar a sabedoria que produz vida, aquela que nasce do temor do Senhor




Confie no SENHOR de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o SENHOR em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas. Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema o SENHOR e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.




Provérbios 3:5-8...



Esta passagem da Escritura funciona para mim como um freio. Ela me faz desacelerar forças poderosas que operam em mim há muitos anos, as mesmas que animaram toda a minha vida estudantil; a saber: a ilusão da autosuficiência. Os muitos anos de estudo foram marcados por esta preocupação de tornar-me confiante em minha própria inteligência, seguro de minhas próprias opiniões, até ao ponto de fazer-me crer que, em mim, estava a capacidade de escolher os meus caminhos e, em minhas habilidades, a sabedoria para enfrentar o mal.



Fazendo uma revisão dos meus anos de escola, devo admitir que os mesmos não me ensinaram a reconhecer a Deus e muito menos os seus caminhos. Isso ficou evidente pelo tipo de conseqüências que minhas escolhas produziram. Utilizando a metáfora do texto, admito que faltou saúde para o meu corpo, para minhas relações pessoais e para muitas das minhas decisões. Tantos equívocos acabaram por gerar, em mim, uma insegurança básica e sobre isso comecei a construir máscaras que me permitissem esconder tal insegurança. Coisas "boas", mas que funcionaram como formas de acobertar a insegurança. Por exemplo; títulos, posições de prestígio, e a "viciante" luta para vencer discussões tolas fazendo valer minha opnião.

Não quero e não devo criar uma distinção entre o Deus Criador e o Deus Redentor. Àquele que nos criou, e portanto nos deu capacidades e habilidades, é o mesmo que nos salvou e, por isso, nos capacita com dons para seu serviço e para sua glória. Todavia, vejo em mim a tendência de sempre fazer de minhas habilidades e capacidades naturais, dadas por Deus, e desenvolvidas nos muitos anos de estudo, o marco inicial de referência para a solução de qualquer problema ou situação. Uma e outra vez confundo conhecimento com sabedoria.

Infelizmente, parece que não estou sozinho nesta luta. Vivemos em dias em que já não se pode dizer que o problema é simplesmente a falta de recursos, falta de profissionais capacitados, melhores estruturas, políticas transparentes e eficientes. Nada disso é suficiente para assegurar que as decisões produzam mais vida, uma vida plena para todos. Necessitamos de um tipo de sabedoria que nasce do temor do Senhor, um conhecimento que produza saúde ao corpo e que fortaleça nosso ser, seja pessoal ou social. Necessitamos vida!

A "cultura do cosmético", na qual vivemos de aparências, faz com que dediquemos muita energia na busca de soluções para os muitos problemas que vão fazendo pequenas pilhas em nossas escrivaninhas, sem enfrentar a questão fundamental; estaria nosso conhecimento produzindo mais vida? Quando olhamos ao nosso redor, que tipo de vida vemos? Quem pode ter uma noite agradável depois de ouvir no telejornal aquela avalanche diária de noticias ruins, acompanhadas por um desejo de boa noite por parte do âncora? Boa noite? Como? As respostas que nascem de nossa própria força, confiada em nós mesmos, em nossos caminhos "seguros" e opiniões "satisfatórias", lamentavelmente não estão produzindo, de maneira geral, a saúde que precisamos como pessoas, ou como nação; e, por que não dizer, como Igreja.

Pelo que vejo, toda a capacitação que recebemos deveria estar a serviço da tarefa principal; o serviço à vida. Precisamos de um saber que reconheça o Senhor em seus caminhos, um conhecimento que esteja a serviço da vida, plena, abundante, solidária. Isso implica em uma mudança de paradigmas, isso implica em reconhecer o Senhor em nossos caminhos. Um conhecimento que nasce do temor ao Senhor nos impõe uma revisão profunda na forma como construimos nossas decisões. Cabe aqui fazer a pergunta: o que, ao longo de nossa vida de estudos, realmente nos ajudou, ou tem nos ajudado, a reconhecer a Deus em nossos caminhos?

Estariam nossas decisões produzindo saúde ao corpo? Esta pergunta é tanto um desafio individual como coletivo (igreja e/ou nação). Como Igreja, somos parte do plano de Deus para a História, somos o corpo de Cristo em missão, uma comunidade de reconciliação em meio a um mundo hostil e segregado. Como se traduzem as Boas Novas para esta geração? Temos outra mensagem que não sejam as Boas Novas do que Deus fez e continua fazendo em Cristo? Poderíamos ter outra forma de vida (pessoal e coletiva), que não seja expressão desta atraente verdade, de que há um Rei, um reino e outra forma de viver?

Sendo parte do sonho de Deus para seu projeto histórico de redenção, não podemos como igreja nos ater a uma aplicação de bom conhecimento na implementação de nossos projetos, sejam eles de missão ou de gestão. Temos de voltar, uma e outra vez, à pergunta: como reconhecemos a Deus em nossos caminhos? Como não estamos buscando um certificado de qualidade ISO em missão é hora de colocar sob tela de juízo aquilo que sabemos, mas que, no fim do dia, não traz saúde ao corpo e vigor aos ossos. Neste caso devemos nos perguntar sobre nossos programas de formação; como se estabelece os seus objetivos? A proposta pedagógica está de acordo com este critério de reconhecer a Deus em nossos caminhos? Como reconhecer a Deus em tempos de tanta correria, ruídos e ativismo? Como construímos nossas convicções?

Bem, neste meu texto de estréia no site da Mundo Cristão, queria começar com esta confissão, na qual reconheço a tentação de escrever baseado e apoiado nos anos de estudo, naquilo que pude aprender nos vários lugares do mundo por onde andei ou com base no que pude aprender com pessoas e livros. Tendo dito isto, gostaria de expressar o meu sincero desejo de que os possíveis diálogos que este espaço provoque sejam um estímulo na direção de, juntos, aprendermos a reconhecer a Deus em nossos caminhos. Já estamos cheios de palavras que nos fazem perder o rumo, conhecimento que tem o fim em si mesmo. Gostaria de encorajá-lo(a) a, junto comigo, buscar esta sabedoria que nasce do temor do Senhor, ao invés deste projeto ilusório de confiar cada um em sua própria inteligência, de ser sábio aos próprios olhos. Vivemos cercados por uma cultura de morte que necessita, com urgência, de um tipo de sabedoria que produza saúde ao corpo e vigor aos ossos. Meu convite é que busquemos neste espaço a sabedoria que produz vida, aquela que nasce do temor do Senhor, aquela que nos leva a: confiar no Senhor; reconhece-lo; teme-lo e evitar o mal.

opinião do leitor

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