Os movimentos sociais, que começam a despontar na segunda metade do século XX, são a grande novidade no cenário econômico, político e social da América Latina e têm seu nascedouro na comunicação anônima e coletiva, que vai se fortalecendo à margem da grande mídia e constroem pouco a pouco a sua utopia e a consciência de quem são...
Edelberto Behs
Porto Alegre, viernes, 5 de febrero de 2010
A constatação é do sociólogo brasileiro Pedro Ribeiro de Oliveira, apresentada, ontem, durante a conferência sobre “Novos cenários políticos e sociais e processos de comunicação”, no Mutirão reunido de 3 a 7 de fevereiro, em Porto Alegre.
Os novos atores no cenário político não se contentam mais em serem incluídos no sistema “porque aprenderam que no sistema não cabem todos”, afirmou o sociólogo. Eles viram que se todas as pessoas do mundo se integrassem ao mercado como um americano ou europeu médio não haveria recursos materiais físicos para todo esse contingente.
Por isso, procuram “desintegrar” o sistema produtivista consumista, explicou Pedro Ribeiro, tratando de pensar na proposta de um sistema solidário não-competitivo.
“Essa é uma utopia que merece muito mais credibilidade do que a utopia do mercado, do progresso sem fim”, sustentou o sociólogo. “A utopia do progresso tem sua expressão no capitalismo que se mostra em Dubai, que é para pouca gente”, analisou Ribeiro, preferindo dar crédito na força histórica dos povos da periferia.
Índios, negros, pessoas portadoras de deficiência, agricultores, operários tiveram, historicamente, sua voz reduzida a um murmúrio, que foi comunicado de geração a geração e se transformou numa cultura popular, assinalou Oliveira.
“A verdade é que a elite branca, católica, proprietária, tentou desqualificar as populações da periferia”, apontou o sociólogo, desvalorizando seus conhecimentos, tidos como crendices, suas histórias, tomadas como lendas, e sua religiosidade.
A fala dos movimentos sociais não estava no roteiro da trajetória brasileira traçada pela elite e por isso ela a incomoda. Os movimentos confiam mais na força das vontades de mobilização do que na força impositiva do Estado, buscam a formação das consciências e menos a conquista do poder, porque é por ai que se cria o novo personagem, analisou.
De acordo com Ribeiro, as Comunidades Eclesiais de Base, as ligas camponesas, os sindicatos, as associações de moradores são as “parteiras” do movimento popular que emergem 500 anos após o “descobrimento” da América.
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Fonte: ALC
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