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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A igreja indígena, o que é isso?

Ronaldo Lidório

É difícil expressar o gostoso sentimento ao ver a Igreja indígena e diversos irmãos reunidos nestes dias durante o Congresso Nacional do CONPLEI 2008. Éramos 1.251 pessoas e havia 47 etnias indígenas representadas. Podemos afirmar que foram dias de festa, sob a coordenação geral de Henrique Terena e a diretoria do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI). Houve conversões, reconciliação, comunhão e compromisso de pregação da Palavra ao retornarem para suas regiões. O Senhor esteve conosco. Foram muitos momentos especiais, porém dois pontos altos ocorreram no domingo. Durante a tarde, vários irmãos indígenas se reuniram de maneira informal e partilharam suas experiências. Falaram do amor que têm por Jesus, dos desafios para comunicar o evangelho entre seu próprio povo e do valor da presença missionária. Foi um período marcante. Logo à noite houve a Ceia do Senhor e foi inevitável comparar a cena com um prelúdio daquele dia em que todos os povos, tribos, línguas e nações estarão perante o Cordeiro. Alegria e esperança estavam no ar. Nos bastidores duzentos voluntários trabalharam intensamente para que o encontro pudesse acontecer. Algumas comissões de trabalho, como as de cozinha e segurança, organizaram plantões 24 horas por dia durante vários dias. As igrejas de Manaus, outras de bem longe e também as instituições missionárias envolveram-se fortemente enviando voluntários, doando alimentos e organizando o trabalho com muita dedicação. Paulo Nunes, coordenador do evento, recuperou-se de uma dengue a tempo de dedicar-se integralmente ao encontro. Nem mesmo um forte vento, que rasgou as lonas dos barracões no último dia, desanimou o povo. Pela manhã cedinho, ainda às 5 horas da manhã, os irmãos indígenas começavam a cantar. Algo de encher o coração. De fato o encontro começou uma semana antes e terminou uma semana depois dos dias oficiais (4 a 7 de setembro). Antes do encontro houve um curso sobre a prevenção ao alcoolismo (Programa Festejando a Libertação) com a participação de muitos irmãos indígenas. Após o encontro deu-se início a uma capacitação bíblica (Capacitação Bíblica Missionária Indígena) para outros que ficaram. Um tempo muito bem aproveitado. O local do encontro (Acampamento Monte Sião, da Igreja Presbiteriana de Manaus) foi perfeito: retirado, verde e bem espaçoso. Louvamos a Deus por todos que oraram e investiram neste relevante evento. A semente há de germinar, mesmo em lugares distantes por onde jamais passaremos. Louvamos a Deus por todos que se juntaram a nós para o trabalho prático construindo, limpando, organizando, recepcionando, preparando lanches, transportando, cozinhando, acompanhando os indígenas nas viagens, vigiando o acampamento e fazendo tanto mais. Saibam que vocês foram usados por Deus e cumpriram a missão, servindo ao Cordeiro Jesus. Um grupo de 26 irmãos indígenas procurou-me logo no dia de saída. Informaram que estavam iniciando a viagem de volta com um compromisso: partilhar o que viram e experimentaram naqueles dias com as cinco principais aldeias da sua etnia. Somente após fazerem isto regressarão para suas casas. Deus é bom e fiel.
• Ronaldo Lidório é organizador de Indígenas do Brasil – avaliando a missão da igreja e “A Questão Indígena – uma luta desigual” (no prelo). É doutor em antropologia pela Royal London University e atuou durante 9 anos no norte de Gana, na África, como plantador de igrejas, tradutor bíblico e coordenador de programas sociais nas áreas de saúde e educação.


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