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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sobre o jejum

Pr. Valdemir Alves da Silva

Um irmão recém-chegado a nossa igreja perguntou a uma das professoras dos Catecúmenos acerca do jejum.
Aproveito-me da oportunidade para comentar, mais uma vez, o tema no afã de ajudar outros que estejam confusos a esse respeito. No Antigo Testamento há a prescrição, inicialmente, de um jejum anual, o do dia da Expiação (Lv 19. 29-31). Após o retorno do cativeiro Medo-Persa , ali por volta de 520 aC, os judeus passaram a observar quatro jejuns anuais (Zc 8. 19) e, segundo nos explicam as autoridades religiosas judaicas, todos esses quatro eram observados “de acordo com o Talmude”, isto é, conforme parte da tradição judaica. O jejum de Éster 9.31 parece ter sido um jejum acrescentado a esses quatro anuais.
Há outros exemplos no Velho Testamento de jejuns, como os “jejuns pessoais” (2 Sm 12.22), os “jejuns em grupo” (Jz 20.26). O jejum podia expressar tristeza (1 Sm 31. 13, Ne 1. 4, Ed 10. 6, etc) assim como podia significar a busca pela orientação divina (Ex 34. 28; 2 Cr 20. 3-4. Complicando sempre as coisas, porém, havia os que pensavam que o jejum, por si só, trazia para o jejuador a atenção de Deus, o que Deus por meio de Isaías reprovou categoricamente perguntando: “ Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao SENHOR? O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo o jugo? Não, é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou e não recusar ajuda ao próximo? Ai sim, a sua luz irromperá como alvorada, e prontamente surgirá a sua cura...”(Is 58.5-8). Os hebreus/judeus sempre complicaram os rituais e os costumes recomendados por Deus! Eles transformavam esses rituais e costumes em “fins em si mesmos”. Achavam que tinha seus pecados perdoados por causa do sangue dos animais derramado. Não conseguiam entender que tais rituais eram figuras, porque o perdão de pecados sempre dependeu de arrependimento e busca de perdão em Deus e que aquele sangue todo tinha um dia de acabar. E Jesus Cristo, acabou. Seu sangue foi o derramamento definitivo pelo perdão dos pecados (Hb 9. 26; 10. 10). Os hebreu não conseguiram entender que a Guarda do sábado, a prática do jejum e as festas religiosas eram também figuras, sombras de uma situação que iria ser alterada com a chegada do Messias. O pior é que há hoje cristãos que não conseguem ver isso e repetem o Velho Testamento. A Igreja Católica repete o Velho Testamento, por isso o ritual católico romano e o ritual Católico Ortodoxo procuram ser uma adaptação cristã dos rituais do Velho Testamento, dai o altar, as vestimentas sacerdotais obrigatórias, o incenso, o jejum obrigatório. Aliás, o segmento cristão que mais praticava jejum não está entre os cristãos evangélicos.É a Igreja Ortodoxa e as Igreja Católicas Orientais (monofisitas, nestorianas, etc) o segmento cristão que mais pratica o jejum. Os Adventistas (sabadistas) e os batistas do 7º Dia (sabatistas), repetem o Velho Testamento repetindo o sábado (os sabatistas com menos legalismo) e muitos cristãos evangélicos hoje tentam repetir práticas judaicas embutidas nos "sete disso ou sete daquilo" e usam o jejum aos moldes do Velho Testamento. Amados, em Jesus Cristo temos a recriação, a nova criação do mundo (2ª Co 5. 15; Gl 6. 15). Temos a formação de um mundo novo que não será, como o primeiro, corrompido pelo pecado, por isso a ressurreição ter ocorrido num domingo, rompendo com a antiga dispensação que tinha o 7º dia como o dia de honra a Deus, mas que era a marca do mundo que, criado, se corrompeu com o pecado, mundo que DEUS, EM CRISTO, recria.
O Velho Testamento foi, é e continuará sendo a PALAVRA DE DEUS para nos mostrar o fim de uma dispensação e a inauguração de outra, por isso a LEI mesmo sendo santa, boa e justa, TEM O SEU FIM EM CRISTO (Rm 10.4). Em Cristo não somos mais ministros da antiga aliança, do Velho Testamento, que Paulo chama de “o ministério que trouxe a morte” (2ª Co 3. 7), mas somos MINISTROS DA NOVA ALIANÇA – O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO, da NOVA ALIANÇA selada com o sangue de Cristo (1ª Co 1.25)..
Há uma atração estranha hoje nos ambientes cristão por práticas do Velho Testamento que eram sombras, algumas que eram até a demonstração de angústia e não libertação e que Deus queria que as pessoas entendessem como a pregação de uma mudança viria. Esse é o caso do Jejum, pois a palavra Jejum, em hebraico, quer dizer “aflição na alma”, de modo que o Jejum era para ser uma busca por Deus para acabar com a aflição da alma e não uma prática que se marca, que se combina, que se faz nesse ou naquele dia, a sós ou em grupo para, em muitos casos, fazer o inverso, isto é, “trazer aflição para a alma !”. Foi um ambiente dominado por rituais, fins em si mesmos, que o Senhor Jesus encontrou em seu ministério terreno, por isso a questão do Jejum mereceu Dele correções (Mt 6.16). Oh, sim, Ele não condenou a prática mas a atingiu no âmago para fazer as pessoas entenderem que a verdade está além do formalismo, do ritual.
No deserto, preparando-se para o seu ministério, Ele jejuou por 40 dias e 40 noites (Mt 4.2). Aquela era uma realidade DANTESCA que Ele iria enfrentar e, por isso, ELE FEZ O QUE EU E VOCÊ NÃO PODERIAMOS FAZER. Conhece algum crente que tenha jejuado como Jesus por 40 dias e 40 noites? Assim como assumiu a CRUZ QUE ERA NOSSA MAS QUE NÓS NÃO PODÍAMOS ASSUMIR, o Senhor Jesus FEZ UM JEJUM POR NOSSA CAUSA O SUFICIENTE PARA NOS ISENTAR DE TENTAR ALGO PARECIDO! Em Mateus 9. 14 e 15, Jesus explicou porque os seus discípulos na jejuavam. “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.”. Prestemos atenção nisso. Estava Jesus falando de algo que passaria a ser COMUM ou de ALGO QUE SERIA MOMENTÂNEO? Ele, o NOIVO, foi tirado dos discípulos, MAS FOI TIRADO DE FORMA DEFINITIVA? Quando lemos João 14. 23 o que temos declarado por Jesus? Quando lemos o que Jesus falou do envio do Espírito Santo, o que ele disse? (Leia João 14. 18)) O que foi que Jesus disse em Mateus 28. 19-20? Essas passagens nos mostaram claramente que não ficamos sem noivo. Logo, se não ficamos sem o noivo como os primeiros discípulos ficaram entre as ascensão ao Céu e a descida do Espírito Santo, A NECESSIDADE DE JEJUAR DEIXOU DE SER OBRIGATÓRIA.Bem, mas temos a recomendação do Senhor Jesus em Mateus 17. 21. Nesse texto Ele se referiu a certa casta de demônios que como Ele disse “só saia com oração e jejum”. Também temos a menção de Atos 14. 23 onde temos a igreja de Antioquia enviando Paulo e Barnabé após orar e jejuar. Os jejuns mencionados em 2ª Co 6.5 e 11.27, conforme explica a maior parte dos intérpretes do Novo Testamento, não eram os jejuns religiosos, mas foi o ficar sem comida como castigo, tanto que a Bíblia Viva não usa a palavra “jejum” mas sim “ficar sem comer”. Na verdade, todas as epístolas de Paulo, as de Pedro, e até a tão judaica Epistola de Tiago mantêm um silêncio constrangedor. Um silêncio constrangedor para os amigos católicos porque nada se menciona acerca de Maria. Nada, nem o seu nome. Um silêncio constrangedor para os nossos amigos sabatistas e sabadistas porque não há nenhuma recomendação sobre guardar o sábado. Um silêncio constrangedor para os que advogam o jejum como prática obrigatória para os cristãos porque em lugar algum delas se determina jejuar. Orar sem cessar, sim, mas jejuar, não.
A luz disso temos o direito de entender Mateus 17. 21 como uma referência de Jesus ao poder do diabo ANTES DA CRUCIFICAÇÃO. SIM, PORQUE ANTES DA CRUCIFICAÇÃO o diabo teve a ousadia de até tocar em Jesus (Mt 4. 5 e 8), mas após a crucificação “ a situação se alterou” conforme Colossenses 2. 14. Após a crucificação o NOME DE JESUS É TOTALMENTE SUFICIENTE NA VIDA DO CRENTE (NÃO TANTO NOS LÁBIOS) PARA AFUGENTAR, S EM JEJUNS OU PRÁTICAS SEMELHANTES OS DEMÔNIOS, MESMO QUANDO ELES ESTÃO INCORPORADOS NAS PESSOAS QUE ISSO PERMITIRAM. Em relação a Atos 14. 23 o que se pode perceber é que sendo a Igreja de Antioquia uma igreja formada por gentios mas também, por judeus (At 11.19) essa era uma igreja em fase de transição como todas as organizadas até então, pois o Novo Testamento ainda estava em formação e, por isso, manteve a prática do jejum judaico, só que não sabemos se como prática comum ou exporádica. DE QUALQUER FORMA A LUZ DESSES TRÊS TEXTOS (Mt 9.14,15; 17.21 e At 14. 23) podemos deduzir que; (1) JÁ QUE COMO CRENTES ÀS VEZES PODEMOS NÃO SENTIR DE FORMA CLARA A PRESENÇA DO NOIVO, SENDO QUE QUANDO ISSO OCORRE SOMOS LEVADOS À ANGÚSTIA, À INSEGURANÇA , QUE SEJA A PERCEPÇÃO DISSO O SUFICIENTE PARA NOS FAZER PERDER A FOME PORQUE ENTÃO JEJUAREMOS USANDO A SITUAÇÃO PARA CONFESSAR DE NOVO E DE NOVO O QUANTO É INDISPENSÁVEL PARA NÓS O SENTIRMOS JESUS CRISTO POR MEIO DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS. (2) OBSERVEMOS QUE EM Mt 17. 21 e At 14. 23 O JEJUM FOI RECOMENDADO E MENCIONADO COMO ALGO QUE ACONTECERIA E ACONTECEU POR CAUSA DOS OUTROS. ENTÃO, QUANDO A SITUAÇÃO DE ALGUÉM, DA IGREJA, DA CAUSA ESTIVER TIRANDO O NOSSO PRAZER DE COMER, O TEMPO DE COMER, JEJUEMOS!
APROVEITEMO-NOS DA OPORTUNIDADE DE LUTAR EM FAVOR DE ALGUÉM PORQUE SÓ DESSA FORMA É QUE O JEJUM SE TORNA NO QUE DEUS SEMPRE QUIS QUE ELE FOSSE JUSTIÇA! ENFIM, ALGO SINGULAR, ÍMPAR, POR ESTAR SENDO FEITO EM NOME E POR CAUSA DE JESUS CRISTO.
APROVEITEMO-NOS DA OPORTUNIDADE DE LUTAR EM FAVOR DE ALGUÉM PORQUE SÓ DESSA FORMA É QUE O JEJUM SE TORNA NO QUE DEUS SEMPRE QUIS QUE ELE FOSSE – JUSTIÇA! ENFIM, ALGO SINGULAR, ÌMPAR, POR ESTAR SENDO FEITO EM NOME E POR CAUSA DE JESUS CRISTO.

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