O Ato Institucional nº 5, que colocou a sociedade e a Igreja Evangélica na parede, completa 40 anos sem ser esquecido. Em 13 de dezembro completaram-se quatro décadas que, em nome do combate à suposta ameaça comunista, o Brasil mergulhou numa era de total supressão das liberdades individuais e políticas. Naquela época os evangélicos passaram a ser vistos como ameaça pelo regime militar, que não poupou os religiosos.
O chamado golpe dentro do golpe, imposto em 1968 pelo general-presidente Artur da Costa e Silva, que veio para calar os protestos estudantis que varriam o país pedindo democracia e reverberavam no Congresso, deu poderes totais a Costa e Silva e suspendeu o instrumento legal do habeas corpus. Qualquer pessoa poderia ser presa sem acusação formal por até 60 dias para responder a inquéritos políticos, ficando incomunicável durante até 10 dias.
Fechado o Congresso, políticos, intelectuais e artistas – muitos deles sem qualquer identificação com a esquerda – foram presos imediatamente. Era a “doutrina de segurança nacional”, pregada pelo general Golbery do Couto e Silva no âmbito da Escola Superior de Guerra e fortemente influenciada pelos Estados Unidos.
Tratava-se de uma guerra contra os inimigos internos, não contra potências estrangeiras. E a Igreja Evangélica? Muitos crentes em Jesus Cristo, que já enfrentavam problemas em suas próprias denominações por conta da intensa disputa político-ideológica daquele período, passaram a ser vistos como ameaça pelo regime militar, que não poupou os religiosos.
Vários protestantes vinculados a movimentos ecumênicos que pregavam a responsabilidade social da igreja e a transformação do país sofreram perseguição. Muitos eram entusiasmados seguidores dos ensinos do teólogo norte-americano Richard Shaull (1919 -2002), que, expulso da Colômbia, viera ao Brasil ainda nos anos 50 pregando o engajamento político das igrejas para mudar a sociedade, profundamente desigual. Um dos principais organizadores, por meio da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), do encontro “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”, que reuniu em 1962, no Nordeste, 167 representantes de diversas igrejas, o sociológo e jornalista Waldo Lenz César (1923-2007) também foi preso e teve que deixar o Brasil. O presbiteriano Paulo Wright, deputado estadual por Santa Catarina, tornou-se militante da Ação Popular (AP) – organização de esquerda que de início agregava estudantes católicos e um punhado de protestantes – e desapareceu nos porões do regime em 1973. Seu irmão, o pastor Jaime Wright, acabou se destacando na luta contra a ditadura, unindo-se ao arcebispo de São Paulo, D.Paulo Evaristo Arns, para denunciar os crimes do Estado brasileiro. Ele trabalhou intensamente no Projeto Brasil: Nunca Mais, que uniu o Conselho Mundial das Igrejas (CMI) e a Arquidiciocese de São Paulo para expor a violência do regime.
Fonte: Folha Gospel
O chamado golpe dentro do golpe, imposto em 1968 pelo general-presidente Artur da Costa e Silva, que veio para calar os protestos estudantis que varriam o país pedindo democracia e reverberavam no Congresso, deu poderes totais a Costa e Silva e suspendeu o instrumento legal do habeas corpus. Qualquer pessoa poderia ser presa sem acusação formal por até 60 dias para responder a inquéritos políticos, ficando incomunicável durante até 10 dias.
Fechado o Congresso, políticos, intelectuais e artistas – muitos deles sem qualquer identificação com a esquerda – foram presos imediatamente. Era a “doutrina de segurança nacional”, pregada pelo general Golbery do Couto e Silva no âmbito da Escola Superior de Guerra e fortemente influenciada pelos Estados Unidos.
Tratava-se de uma guerra contra os inimigos internos, não contra potências estrangeiras. E a Igreja Evangélica? Muitos crentes em Jesus Cristo, que já enfrentavam problemas em suas próprias denominações por conta da intensa disputa político-ideológica daquele período, passaram a ser vistos como ameaça pelo regime militar, que não poupou os religiosos.
Vários protestantes vinculados a movimentos ecumênicos que pregavam a responsabilidade social da igreja e a transformação do país sofreram perseguição. Muitos eram entusiasmados seguidores dos ensinos do teólogo norte-americano Richard Shaull (1919 -2002), que, expulso da Colômbia, viera ao Brasil ainda nos anos 50 pregando o engajamento político das igrejas para mudar a sociedade, profundamente desigual. Um dos principais organizadores, por meio da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), do encontro “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”, que reuniu em 1962, no Nordeste, 167 representantes de diversas igrejas, o sociológo e jornalista Waldo Lenz César (1923-2007) também foi preso e teve que deixar o Brasil. O presbiteriano Paulo Wright, deputado estadual por Santa Catarina, tornou-se militante da Ação Popular (AP) – organização de esquerda que de início agregava estudantes católicos e um punhado de protestantes – e desapareceu nos porões do regime em 1973. Seu irmão, o pastor Jaime Wright, acabou se destacando na luta contra a ditadura, unindo-se ao arcebispo de São Paulo, D.Paulo Evaristo Arns, para denunciar os crimes do Estado brasileiro. Ele trabalhou intensamente no Projeto Brasil: Nunca Mais, que uniu o Conselho Mundial das Igrejas (CMI) e a Arquidiciocese de São Paulo para expor a violência do regime.
Fonte: Folha Gospel