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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Convite do Presidente Lula a seu Par Iraniano Para Vir ao Brasil É ''Insulto As Vítimas Da Amia''

A ex-vice-prefeita de Barcelona, disse que "Israel se esquece do Cone de Sul e levou muito tempo para se preocupar e denunciar o que acontece na América Latina, ainda que lá viva uma parte significativa dos judeus da diáspora". Em declarações para a Agência Judaica de Notícias, Rahola ressaltou que o convite do presidente Lula da Silva a seu par iraniano para vir ao Brasil seria um "insulto às vítimas do ataque à AMIA" e alertou sobre o profundo envolvimento do Irã na região, através da Tríplice Fronteira.

Pilar Rahola, intelectual espanhola e ex-vice-prefeita de Barcelona, afirmou hoje que tanto Israel quanto os Estados Unidos "quase não se lembram de que existe" a América do Sul, onde a presença do Irã foi aumentada, a partir do vínculo que o presidente Mahmoud Ahmadinejad mantém com seu par venezuelano, Hugo Chávez.

Em diálogo telefônico com a Agência Judaica de Notícias (AJN), de Barcelona, Rahola apontou que "Israel se esquece do Cone de Sul e levou muito tempo para se preocupar e denunciar o que acontece na América Latina, ainda que lá viva uma parte significativa dos judeus da diáspora".

Deste modo, a ex-vice-prefeita de Barcelona se referiu às declarações da chanceler israelense, Tzipi Livni, que alertou sobre a infiltração do Irã e de sua ideologia terrorista na América Latina.

Neste sentido, Rahola destacou que "o grande problema de Israel é que não fica de olho na região (América Latina) e comete o mesmo pecado que os Estados Unidos, que quase não se lembram que ela existe".

Consultada a respeito do convite para vir ao Brasil que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ao seu par iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, Rahola manteve que o líder latino-americano "teria que pensar muito antes de tomar uma decisão como esta, porque seria um insulto às vítimas da (do ataque à sede da) AMIA e não faria nenhum bem à democracia do mundo.

"É evidente que o Irã tem capacidade econômica e recursos importantes, mas eu acredito que Lula, como político democrático de um grande país, teria que refletir muito sobre o que significa estender a mão para uma ditadura que condena à morte dissidentes, homossexuais, que ameaça de morte um país membro da ONU (Israel), que financia o jihadismo (terrorismo) no mundo inteiro e que, em sua vizinha Argentina, foi considerado diretamente implicada em um ataque que matou dezenas de argentinos (na AMIA)", declarou a escritora espanhola à AJN.

Rahola assinalou que todos os países "antiocidentais - do Irã à Rússia – encontraram na Venezuela um campo de pouso na América Latina".

Neste sentido, refletiu que se está "reeditando a guerra fria com novos protagonistas" e que os "grandes inimigos históricos dos Estados Unidos voltaram a se encontrar e se organizar. E, para isso, a América Latina é considerada um território muito inexplorado".

"No caso concreto do Irã, há uma clara vontade de influenciar em países onde considera que pode ter uma relação geoestratégica. A América Latina possui mesmo um DNA antiamericano e portanto é um caldo de cultivo para vender um produto 'anti-ianque'", explicou a ex-deputada do Esquerra Republicano da Catalunya.

Rahola indicou que, a nível global, "todo o fenômeno islâmico tem, por um lado, uma vocação proselitista, que quer influir em políticas internacionais, mas também pretende fazer avançar sua jihad (Guerra Santa) religiosa e ideológica".

Assegurou que o "fenômeno islâmico" está penetrando, "lenta mas constantemente" em toda a América Latina. E citou, como prova disso, a atividade na tripla fronteira, as mesquitas que estão se radicalizando e os povos indígenas que estão se islamizando.

"As pistas de pouso do Irã na América Latina são: no terreno geoestratégico e diplomático, Venezuela; no aspecto logístico, Caracas e todo o eixo bolivariano; no sentido histórico, os processos revolucionários dos anos 60 e o caldo de cultivo de antiamericanismo que deixaram; e, no sentido moral, os sérios erros que os Estados Unidos cometeram na região e que, para muitos, os transformou em inimigo", resumiu Rahola.

E acrescentou: "Finalmente, há algo muito evidente que é o dinheiro: O Irã e o Islã têm muito dinheiro para penetrar em todos os lugares".

A ex-deputada catalã enfatizou a vulnerabilidade da Triplice Fronteira e assinalou que os governos da Argentina, Brasil e Paraguai "não estão interessados igualmente pelo que acontece lá, tanto no campo do financiamento econômico, vinculado a fenômenos terroristas, como também quanto ao proselitismo".

"Não pode acontecer que seja denunciado abertamente que há uma tripla fronteira muito nebulosa e os governos acabem por não fazer nada, quando eles teriam que aumentar sua preocupação com o fenômeno".

A respeito do que cabe à comunidade internacional, Rahola destacou que a ONU "não serve para nada" porque está "absolutamente seqüestrada pelas ditaduras árabes e dos petrodólares, que não permitem que se avance na condenação contra este fenômeno, o radicalismo islâmico". Também - disse - alguns países da velha 'cortina de ferro', como a Rússia ou China, vetam permanentemente qualquer condenação. "A ONU hoje é um boneco quebrado, um sonho quebrado que não serve para o direito internacional".

Por fim, a intelectual enfatizou que os países "democráticos e livres" deveriam se unir na luta policial, contra o financiamento e o proselitismo do processo totalitário do século de XXI que é o jihadismo, herdeiro direto do stalinismo e do nazismo.


Produzido por De Olho na Mídia

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