Paciente que precisar terá que enfrentar burocracia do governo para ser medicado
Rio - Seis polos de atendimento aos pacientes com gripe já estão em funcionamento no Rio e outros oito começarão a ser abertos no início da semana, mas uma das principais armas não está disponível nestes locais. O Tamiflu — remédio que deve ser administrado nas primeiras 48 horas de sintomas em pacientes graves ou que fazem parte do grupo de risco, como idosos, menores de 2 anos e grávidas — está centralizado na Secretaria Estadual de Saúde e deve ser retirado caso a caso, cada vez que um paciente se enquadrar na determinação do Ministério da Saúde. Quinta-feira, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, disse que pediu ao ministério, que concentra todo o estoque do remédio no País, mais Tamiflu para ser disponibilizado nos polos de atendiment
Sandra Annenberg, apresentadora do Jornal Hoje, de máscara no aeroporto com o marido, Ernesto Paglia
A solicitação, no entanto, ainda não foi atendida, de acordo com o estado. Ontem, o Ministério da Saúde afirmou que a obrigação é manter estoque nos 68 centros de referência do País, que recebem apenas pacientes encaminhados e em estado mais grave. Especialistas, no entanto, discordam da determinação. Até médicos têm reclamado de dificuldades de conseguir o remédio para pacientes que se encaixam no protocolo do Ministério.
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“Esse medicamento tem que ser ministrado o quanto antes, mas está centralizado num lugar no estado dificultando o acesso. O ministério alega que não quer estimular a automedicação porque pode criar uma cepa resistente, mas tem que confiar nos profissionais de saúde e disponibilizá-lo pelo menos nos polos de atendimento e não só nos centros de referência. Com essa centralização, perde-se muito tempo e isso pode ser decisivo para o paciente”, afirmou o chefe do Serviço de Doenças Infecciosas da UFRJ, o infectologista Edimilson Migowski. “Além disso, a entrega de medicamentos não vem funcionando. Médicos têm me contado histórias de pacientes de grupo de risco que não têm conseguido receber o remédio”.
Presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze concorda que a centralização é um problema. Ele cita o exemplo das dificuldades enfrentadas pela direção da Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, para que gestantes internadas recebam a medicação. “A direção precisa solicitar diariamente um carro à Secretaria de Saúde e disponibilizar um profissional para ir buscar o medicamento no local de distribuição, no Centro. Os remédios são entregues mediante solicitação e só atendem a quem já está internado. Se chegarem outras gestantes com a doença será perdido um tempo precioso para começar o atendimento”, critica.
No Rio, das 5 mortes confirmadas por gripe suína, três pertenciam ao grupo de risco — uma gestante e duas crianças com problemas de base não tiveram o diagnóstico nem o medicamento. Outro problema apontado pelos especialistas é que o ministério deve mudar protocolo em relação ao uso do Tamiflu. O governo federal inclui idosos no grupo de risco, mas exclui os adultos jovens, que têm sido as principais vítimas da doença no Brasil.
“O ministro da Saúde (José Gomes Temporão) tem afirmado que a gripe suína tem uma letalidade baixa, mas isso está mudando. As primeiras pessoas a serem infectadas pelo vírus eram pessoas de classes sociais mais altas, com boa saúde, bem alimentadas e com acesso à saúde. Além disso, todos recebiam o Tamiflu. Agora, os mais pobres, com imunidade mais baixa começam a ser infectados e a morrer”, alerta Migowski.
No início da noite, o Ministério da Saúde afirmou que a questão dos fatores de risco está em estudo. Ontem, o ministério divulgou nota corrigindo o número de mortos pela doença divulgado quinta-feira. O governo divulgou que eram 34, mas houve um erro e o total é de 29. Ontem, a secretaria estadual de São Paulo confirmou outras 4 mortes, totalizando 33 óbitos no País.
Fonte: http://odia.terra.com.br/
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