MALÁSIA (*) - Mohammad Shah, que tentava alterar seu nome muçulmano e receber um novo documento de identidade, ganhou a causa na justiça. Ele apresentou seu caso ao tribunal Sharia, no estado de Negeri Sambilan, depois que o departamento nacional de registros se recusou a aceitar que ele era um cristão e a fornecer um novo documento de identidade.
O advogado Hanif Hassan disse que seu cliente de 61 anos foi criado pela mãe como cristão, mas seu nome muçulmano foi escolhido por seu pai, que abandonou a família quando ele tinha apenas dois meses de idade. Gilbert Freeman, nome de cristão escolhido por Mohammad Shah, é casado e cria seus filhos no cristianismo.
“O tribunal Sharia declarou que ele não é muçulmano. Ele não pratica o islamismo e não estudou para ser muçulmano”, diz Hanif.
Freeman está muito feliz. Seu advogado afirma que esse é um caso muito raro, mas mostra que os tribunais Sharia não são tão rígidos e estão dispostos a resolver disputas religiosas.
A Malásia tem um sistema judicial duplo. Os tribunais islâmicos Sharia governam os muçulmanos, enquanto os tribunais civis têm sua jurisdição sobre os não-muçulmanos. No entanto, as disputas religiosas normalmente são decididas nos tribunais Sharia, e a decisão favorece os muçulmanos.
As questões religiosas são muito delicadas na Malásia, onde 60% dos 27 milhões de pessoas são muçulmanos. Budistas, cristãos e hindus aceitaram o domínio islâmico, mas recentemente notou-se que os tribunais são injustos quando tratam da supremacia do islã, que é a religião oficial da Malásia.
Freeman procurou a ajuda do tribunal pois disse que estava velho e não queria confusões quanto a seu velório ser cristão ou não.
Tradução: Deborah Stafussi
Fonte: International Herald Tribune
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