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segunda-feira, 30 de março de 2009

Igreja na linha de tiro

Milícia que controla favelas estaria por trás do despejo de Centro Pastoral de Rio das Pedras.


As milícias, grupos paramilitares que controlam mais de 150 favelas no Rio, estão começando a interferir também nas instituições religiosas. Há duas semanas, a Associação de Moradores de Rio das Pedras, em Jacarepaguá – zona oeste da cidade –, que seria controlada por milicianos, deu um ultimato à Igreja Católica: em dois meses, o Centro Pastoral que atua na comunidade e presta serviços sociais e espirituais aos moradores deverá ser fechado. A ordem foi entregue pessoalmente na pastoral pelo presidente da associação, Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba. Para reforçar o clima de terror, ele compareceu acompanhado por dois homens armados.

O imóvel, de 150 metros quadrados, foi cedido pela Associação de Moradores há nove anos, em regime de comodato – espécie de empréstimo por tempo determinado, sem custos para o beneficiário –, à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto. A ordem de despejo do Centro Pastoral, segundo religiosos, seria uma retaliação dos líderes da milícia à Igreja Católica por não permitir o controle dos donativos e do trabalho social feito na comunidade. Nas favelas onde se instalaram, as milícias expulsaram o narcotráfico e impuseram o poder pela força das armas. Esses grupos criminosos, formados, entre outros, por policiais e bombeiros, cobram dos moradores por serviços prestados ilegalmente, como transporte alternativo, fornecimento de gás e sinal de TV a cabo – o popular gatonet.

A Igreja não recebeu nenhuma justificativa para a entrega do imóvel. A intimação fala apenas que o prédio será usado para “serviços comunitários”, embora tal ajuda já venha sendo prestada pela pastoral. Beto Bomba, que comenda a associações desde dezembro, é um dos indiciados pela CPI das Milícias da Assembléia Legislativa. Apesar da proliferação das atividades paramilitares no Estado do Rio, nos últimos anos, o poder público ainda não encontrou uma maneira eficaz de combater esse tipo de crime. “Não sei os motivos para o despejo. Mas é verdade que a Igreja não faz acordos com grupos quando percebe que o trabalho pode ser usado politicamente”, explica o padre Luís Antônio, da Arquidiocese do Rio. A luta da Igreja Católica agora é para concluir rapidamente as obras de construção da capela de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência e São João Batista, que está sendo erguida na comunidade e que poderá abrigar as atividades do Centro Pastoral.

(Fonte: Jornal O Dia) / Via www.cristianismohoje.combr

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